Wednesday, November 29, 2006

Brilhante



Era uma sexta-feira, por volta das 17h30. Após sair do trabalho, resolvi parar num bar da região central, enquanto esperava uma pessoa com a qual precisava conversar.
No momento em que saboreava um aperitivo, um garoto me abordou com sua caixa de engraxate. Rápido, o garoto ofereceu seu serviço antes que eu pudesse recolher as pernas e esconder meus sapatos, que realmente clamavam por graxa. Preço do serviço: R$ 2,00.
Igualmente rápido, agradeci e disse que não era preciso engraxar meus sapatos. Minha resposta tentava negar o inegável: meus sapatos precisavam de graxa, muita graxa. Mas, não foi por isso que decidi autorizar o garoto a fazer o serviço, afinal, nunca liguei para sapatos que brilham.
O triste olhar do garoto, acompanhado de apelos como “por favor, tio” e “ô loco”, mudou minha opinião. Assim, ele fez o que tinha que ser feito e recebeu R$ 2,50 pelo serviço.
Serviço de qualidade? Pouco importa, nem tenho experiência para avaliar o trabalho de um engraxate, pois foi minha primeira vez. O investimento de R$ 2,50 foi recompensado quando me dei conta de que, por muito pouco, escapei de negar uma oportunidade ao garoto que apenas ofereceu um serviço. É isso, ele estava trabalhando. Não estava pedindo ou tentando levar meu dinheiro de forma ilícita.
Às vezes, com raciocínios nada brilhantes, esquecemos que temos responsabilidade na construção da sociedade, afinal, somos parte integrante dela. Muitos não conseguem entender como R$ 2,00 são importantes para esses garotos. Estamos acostumados a não conseguir comprar praticamente nada por R$ 2,00. Nos prendemos a nossa realidade e esquecemos do próximo.
Além disso, eu poderia facilmente atribuir o fato do garoto me procurar ao acaso. Mas será mesmo? Será que, através do garoto, não havia alguém testando minha sensibilidade? Certa vez, li em algum lugar: “O acaso é o pseudônimo que Deus usa quando não quer assinar suas obras”.

Eis o patrono do blog!!!

Tuesday, November 28, 2006

Show da Banda Baranga em Catanduva

O quê falar sobre um show da Baranga? Instrumental com nítidas influências de AC/DC, letras que retratam tudo que um rocker adora (cerveja, sexo e estrada), vocal sujo, um guitarrista ensandecido e ainda por cima uma tremenda empatia com o público. Resultado: um dos melhores shows de rock já vistos em Catanduva. E olha que não foram poucos os shows que a cidade acolheu nos últimos 10 anos, graças ao Carioca, que sempre faz o impossível para movimentar a cena rock catanduvense.

Antes, vale citar o único ponto negativo da noite: o público pequeno que compareceu na Vila Acústica para assistir o show no dia 14 de novembro. Dois fatores contribuíram para isso: o fato de que a banda ainda não era muito conhecida na cidade e a apresentação ter caído numa terça-feira, apesar do feriado no dia seguinte.

Confesso que temi pelo pior. Já vi muitas bandas que desanimam com públicos pequenos, reduzem o set list e tocam sem tesão. Mas, esse temor caiu por terra logo que entraram no palco Xande (vocal/guitarra), Deca (guitarra), Soneca (baixo) e Paulão (bateria). A apresentação teve uma energia incrível. Isso demonstrou a consideração que o quarteto teve com as pessoas que compraram os discos durante a semana, pagaram pelos ingressos, se deslocaram até o local do show para se divertir e esquecer por um momento seus problemas. Coisa de quem não apenas toca rock, mas vive o rock e sabe o quanto é importante para o fã uma apresentação inspirada de sua banda favorita.

Mas, vamos aos fatos. O show abriu com “Tudo que eu tenho na vida”, música que resume o “way of life” daqueles que não vivem sem o bom e velho rock and roll. A partir daí, fica difícil lembrar a ordem do set list, afinal, a cerveja influiu muito na memória.

No entanto, a ordem pouco importa. Seguiu-se uma verdadeira celebração rocker, com temas como “Maverick” (que fala de um carrão que bebe mais que o dono), “Mulher de Pagodeiro” (que afirma serem roqueiras as mulheres ideais para uma noitada), “Garçom” (que retrata perfeitamente uma noite de excessos num bar), “Shake” (que descreve como uma mulher pode levar um homem à loucura), “Pirata do Tietê” (homenagem à querida e odiada capital paulista) e muitos outros, inclusive o cover de “Negro Gato”.

Dois pontos que também merecem registro: a música “Duas Rodas”, da lendária banda Centúrias, não estava no set list. Mas, os caras tocaram atendendo o pedido do Nezinho, fã que estava fazendo aniversário. Além disso, rolou cover de Made in Brazil, com participação do amigo Ronchi nos vocais de “Gasolina”. Detalhe: ele foi chamado pelo Xande para subir ao palco. Aliás, o Ronchi me falou que rolou o hino “Minha Vida é o Rock and Roll” na seqüência. Eu não lembro, mas tudo bem. A missão estava cumprida. Baranga. Guarde este nome e não deixe de assistir quando tiver chance.


Finalidade

O “Gato Preto” é um espaço que não tem objetivo definido. Foi criado para que eu possa postar assuntos de meu interesse. Logicamente, espero que outras pessoas com os mesmos interesses ou até gostos contrários leiam e discutam as postagens.

Meus interesses estão no chamado “profile” desta página. Resido em Catanduva e assuntos da cidade podem ser abordados.

Gosto muito de cultura e acima está postado um texto sobre a apresentação de uma banda paulistana de rock, a Baranga, em Catanduva. É o primeiro assunto, espero, de muitos.

PS: o nome “Gato Preto” reflete minha admiração por felinos e também é uma humilde homenagem a Edgar Allan Poe, um dos maiores escritores de todos os tempos.